quarta-feira, 3 de setembro de 2008

No Brasil, existem 74 chimpanzés que sofreram maus-tratos se recuperando em santuários

Dois chimpanzés apreendidos em operação do Ibama no circo Le Cirque, em Brasília, há um mês, passam bem e se recuperam da vida estressante do picadeiro. Sem dentes, castrados e com feridas causadas pelas correntes, estes animais foram encaminhados a um santuário em Sorocaba - filiado ao Projeto Proteção aos Grandes Primatas (GAP, sigla em inglês) - onde vivem outros 46 chimpanzés.

No Brasil, existem mais três destes santuários ligados a esta instituição internacional: em Vargem Grande Paulista e Ibiúna, ambos em São Paulo, e outro em Curitiba (Paraná).


Ao todo, nestes santuários, vivem 74 chimpanzés que sofreram maus-tratos.

Na vida do empresário cubano, naturalizado brasileiro, Pedro Ynterian, 68 anos - que hoje é o presidente internacional do projeto - não faltam histórias de amor incondicional, que transformaram a vida de chimpanzés vindos de circos, zoológicos ou que pertenciam a pessoas que os exploravam economicamente.

- Entrei no mundo das denúncias, numa parceria com o Ministério Público e com o Ibama. Resgatar um chimpanzé em situação de maus-tratos demanda um trabalho de anos, de convencimento dos donos, dos proprietários do circo - contou.


O santuário dos chimpanzés fica ao lado de um criadouro conservacionista, que abriga 200 espécies de animais silvestres, como aves e macacos, que, em situação ilegal, foram apreendidos e levados para lá.

O empresário começou seu trabalho de resgate de animais em situação de maus-tratos quando comprou o chimpanzé Guga, hoje com 9 anos. Ele percebeu que não dava para criá-lo numa casa, pois o primata precisava de cuidados especiais.

- Viemos para o interior e tirei a licença junto ao Ibama para abrir o criadouro - lembra.
A partir daí, o trabalho e o investimento não pararam. Com a proibição do uso de animais em circos em muitas cidades brasileiras, a família de chimpanzés foi aumentando.

Os grandes primatas dos zoológicos são outro foco de preocupação. Alguns chegam no santuário tão estressados e deprimidos que precisam ser tratados com anti-depressivos, como Prozac.

Em sua propriedade, uma equipe de biólogos, veterinários dá atenção especial a cada animal. Em março passado, um chimpanzé cego chamado Hulk, voltou a enxergar, depois de 15 anos. Ele foi operado por um oftalmologista que atende seres humanos.

O Great Ape Project (Projeto dos Grandes Primatas), ou GAP, é um movimento internacional criado em 1994, cujo objetivo é lutar pela garantia dos direitos básicos a vida, liberdade e não-tortura dos grandes primatas - chimpanzés, gorilas, orangotangos e bonobos, que são os parentes mais próximos do homem no mundo animal.

Fonte: O Globo


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