terça-feira, 14 de outubro de 2008

ARARAS: considerações

No universo multicolorido de nossa avifauna, onde estão presentes muitas aves que merecem ser incluídas entre as mais belas do mundo, ocupa lugar especial a palradora ordem Psitaciformes, compreendendo numerosas espécies, toda classificadas numa única família, Psitacídeos. Os representantes da ordem em questão ostentam orgulhosamente todas as cores do arco-íris e foram subdivididos, por Hermann e Rodolpho Von Ihering, em 17 gêneros, 74 espécies e 5 subespécies, incluindo-se aí papagaios, periquitos, tuins, jandaias, tirivas, anacãs, maitacas, catorras e, naturalmente, as majestosas e belíssimas araras.

Das treze espécies que ocorrem (ou ocorreram) entre nós, as mais notáveis são Ara macao, Ara chloroptera (vermelhas), Ara ararauna (azul e amarela), Ara auricollis (arara-de-colar), Cyanopsitta spixii (a raríssima ararinha azul) e Anodorhynchus hyancinthinus, a nossa incomparável arara-azul, o maior psitacídeo brasileiro.

Diante das ameaças cada vez mais sombrias de devastação do santuário verde da Amazônia, tornam-se escassas as possibilidades de sobrevivência das maravilhosas araras. A biologia dessas aves ainda não foi convenientemente estudada, pelo menos uma espécie está à beira da extinção (a ararinha-azul-cinzenta) e a magnífica arara-azul, que não é gregária, vive aos casais, nunca foi numerosa. Se houver real interesse na preservação desse inestimável patrimônio ornitológico, é preciso agir depressa.
Do regime alimentar das araras constam os frutos de diversas palmáceas, além dos produzidos por muitas árvores amazônicas (japacanim, jataí, muirajussara e outras, chamadas vulgarmente comida de arara'). É nas palmáceas, aliás, que preferem fazer seus ninhos, particularmente nos estipes velhos dos buritis, que escavam para esse fim, conforme pôde observar o botânico Hoehne.
Nossos indígenas sempre deram grande apreço às longas penas caudais das araras, confeccionando com elas seus ornamentos.

Ainda hoje tal hábito é mantido, o que não é de se admirar; pois o colorido intenso dessas aves deslumbra a todos que podem admirar-Ihes a maravilha da plumagem. Essas autênticas jóias aladas, típicas representantes da avifauna tropical, não podem sucumbir ante a voragem irresponsável do desequilíbrio ecológico. Devem sobreviver através dos tempos, como um legado da Natureza aos nossos descendentes. Isto só depende de nós.


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