Os que olham do chão não conseguem perceber, mas aquelas aves que fazem belas coreografias ritmadas no céu são, na verdade, pombos-correio. Alguns são campeões brasileiros e paulistas, capazes de voar a uma velocidade de até 120 km/h (mais do que o permitido a automóveis em grande parte das rodovias brasileiras).
A velocidade foi adquirida por meio de muito treino, orquestrado diariamente pelo aposentado Félix Ângelo Buonafine, 76, um columbófilo (criador de pombos-correio) há 46 anos. No quintal de sua casa, ele possui 120.
Os pombos-correio são treinados para competições, que acontecem todos os anos em todas as partes do Brasil. Como essas aves têm a habilidade instintiva de retornar para casa, de onde quer que estejam, as provas consistem em soltá-las cada vez mais longe do criadouro e calcular qual faz o trajeto de volta em menos tempo. Na última competição deste ano, em setembro, elas terão que percorrer 1.030 km em um dia.
A columbofilia é um hobby que reúne cada vez menos praticantes em São Paulo. Hoje, existem cerca de 80 criadores de pombos-correio na cidade, segundo o aposentado Buonafine, que faz parte da diretoria da Federação Paulista de Columbofilia. Quando ele começou a coleção, em 1963, eram 200.
No Estado, hoje são 500, diz. E, no país, 3.000 estima a Federação Columbófila Brasileira.
Para o columbófilo do Jabaquara, o principal motivo para o desinteresse de novos praticantes é a falta de espaço na cidade: o pombal dele, por exemplo, ocupa uma área de 12 metros quadrados, um luxo para a maioria dos paulistanos, que vivem em apartamentos.
Uma vez por dia, os pombos-correio são soltos para um voo pela vizinhança, o que funciona como treino. Um mês antes das competições, os treinos se intensificam, conta o também columbófilo Brasílio Marcandoro Neto, 58, que tem 95 pombos. As aves passam a ser soltas cada vez mais longe de casa, fazendo trajetos semanais de até 70 km.
Campeonato começará em maio
As aves terão que retornar voando para seus pombais --o pombo-correio tem a habilidade instintiva de voltar, de onde quer que esteja, para o local onde foi criado. Antes das provas, cada pombo recebe em sua pata uma fita numerada. Cada criador recebe um relógio lacrado pela federação.
Quando a ave retorna, o criador insere a fita no relógio, e o equipamento registra a hora da chegada.
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