quarta-feira, 15 de abril de 2009

Columbofilia

A nuvem de pombos sobrevoa as casas de uma pequena rua no bairro do Jabaquara (zona sul de São Paulo).
Os que olham do chão não conseguem perceber, mas aquelas aves que fazem belas coreografias ritmadas no céu são, na verdade, pombos-correio. Alguns são campeões brasileiros e paulistas, capazes de voar a uma velocidade de até 120 km/h (mais do que o permitido a automóveis em grande parte das rodovias brasileiras).
A velocidade foi adquirida por meio de muito treino, orquestrado diariamente pelo aposentado Félix Ângelo Buonafine, 76, um columbófilo (criador de pombos-correio) há 46 anos. No quintal de sua casa, ele possui 120.

Os pombos-correio são treinados para competições, que acontecem todos os anos em todas as partes do Brasil. Como essas aves têm a habilidade instintiva de retornar para casa, de onde quer que estejam, as provas consistem em soltá-las cada vez mais longe do criadouro e calcular qual faz o trajeto de volta em menos tempo. Na última competição deste ano, em setembro, elas terão que percorrer 1.030 km em um dia.
A columbofilia é um hobby que reúne cada vez menos praticantes em São Paulo. Hoje, existem cerca de 80 criadores de pombos-correio na cidade, segundo o aposentado Buonafine, que faz parte da diretoria da Federação Paulista de Columbofilia. Quando ele começou a coleção, em 1963, eram 200.
No Estado, hoje são 500, diz. E, no país, 3.000 estima a Federação Columbófila Brasileira.
Para o columbófilo do Jabaquara, o principal motivo para o desinteresse de novos praticantes é a falta de espaço na cidade: o pombal dele, por exemplo, ocupa uma área de 12 metros quadrados, um luxo para a maioria dos paulistanos, que vivem em apartamentos.

Para que a boa performance das aves seja garantida, elas recebem uma alimentação adequada: uma mistura de milho, sorgo, cevada e feijão. O ambiente em que elas vivem também tem que ser limpo diariamente e, uma vez por semana, o pombal é pulverizado com uma solução desinfetante. Como as aves podem ter contato com pombos de vida livre, durante as provas e os treinos, os cuidados ajudam a evitar que elas proliferem eventuais doenças.
Uma vez por dia, os pombos-correio são soltos para um voo pela vizinhança, o que funciona como treino. Um mês antes das competições, os treinos se intensificam, conta o também columbófilo Brasílio Marcandoro Neto, 58, que tem 95 pombos. As aves passam a ser soltas cada vez mais longe de casa, fazendo trajetos semanais de até 70 km.

Campeonato começará em maio

O sexto Campeonato Paulista de Columbofilia começará em 23 de maio. Os pombos-correio da cidade partirão em um caminhão do parque da Água Branca (zona oeste) para Rio Claro (173 km de SP).
As aves terão que retornar voando para seus pombais --o pombo-correio tem a habilidade instintiva de voltar, de onde quer que esteja, para o local onde foi criado. Antes das provas, cada pombo recebe em sua pata uma fita numerada. Cada criador recebe um relógio lacrado pela federação.
Quando a ave retorna, o criador insere a fita no relógio, e o equipamento registra a hora da chegada.
Fonte: UOL

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