segunda-feira, 18 de maio de 2009

Tráfico de fauna silvestre

Todos os dias milhares de animais silvestres chegam aos grandes centros urbanos para alimentar um mercado de crueldade e ganância.
Você não vê, mas a degradação à nossa volta é imensurável. Veja um exemplo de uma única espécie traficada: em praticamente todos os bairros das periferias de grandes centros urbanos podemos encontrar grande incidência de aviculturas e casas de rações. Às vezes mesmo um bairro pequeno chega a comportar mais de 10 desses estabelecimentos. Em nossas pesquisas pudemos constatar que o menor desses estabelecimentos não vende menos que 120 a 150 kg de semente de girassol por mês (a maior parte deste alimento é consumida por papagaios vítimas do tráfico, encontrados nas residências das pessoas).
Cada papagaio consome uma média de 10 a 15 g de semente de girassol por dia, ou 300 a 450 g de semente de girassol por mês. Tomando-se como base uma avícola que vende um mínimo de 120 kg, certamente temos esse estabelecimento fornecendo alimento para mais de 250 papagaios.
As projeções, então, para todos os estabelecimentos do bairro, da cidade, do Brasil... são assustadoras.

NÚMEROS DO TRÁFICO


Por tratar-se esta de uma atividade ilícita, é praticamente impossível obter dados estatísticos em relação aos animais silvestres traficados. Temos certeza, porém, que do volume total apenas uma pequena porcentagem é apreendida; e destes animais, os que são apreendidos longe das regiões de captura (o que corresponde à maior parte deles) jamais retorna aos seus habitats de origem.
Como cada animal tem seu papel no ecossistema em que habita, o desequilíbrio causado aos biomas cada vez mais devastados de seus habitantes naturais é imenso - e uma séria ameaça à vida na Terra, à nossa vida no planeta.
MORTES NO TRÁFICO : 10 para 1 . Ou seria 1 para 10 ?

Constantemente são divulgados dados relativos ao número de animais que perdem a vida como conseqüência do tráfico. De acordo com estes dados, de cada DEZ animais retirados da natureza apenas UM chegaria ao seu destino com vida.
Não nos parece realista essa afirmação, uma vez que o animal silvestre é a moeda do traficante e, portanto, a perda destas vidas é, em outras palavras, prejuízo financeiro. Conhecendo a realidade do tráfico de ponta a ponta através do nosso serviço de inteligência in loco, podemos afirmar que a taxa de óbitos entre animais apreendidos do tráfico é muito pequena, na maioria dos casos inferior a 10%.

Isto, por outro lado, não significa que o traficante zele pelo bem estar dos seus bichos. Pelo contrário: as condições de captura e transporte comprovam a inescrupulosa atitude dessas pessoas perante a vida dos animais. Alguns mais frágeis não resistem a estas agressões.
Espaço reduzido a ponto do animal não poder se virar em seu compartimento, luzes permanentemente acesas para não haver a queda de metabolismo, estado de alerta constante, queda de temperatura ambiente costumam ser as condições enfrentadas pelos animais no transporte aos grandes centros urbanos, viagens estas que podem durar até 3 dias. O resultado é inevitavelmente stress elevadíssimo. Os animais tratados no pós apreensão precisam, além de atendimento imediato de rehidratação e fortalecimento, ser acondicionados em locais mais adequados e sempre que possível transferidos para recintos de pouco ruído e trânsito para restabelecer um certo grau de tranqüilidade ao seu redor. Nessas condições os animais estarão mais bem preparados para um novo transporte ao seu destino.

Fonte: SOS Fauna

Nenhum comentário: