quinta-feira, 24 de julho de 2008

Após parto, golfinho assobia para que filhote a reconheça


Golfinhos-nariz-de-garrafa assobiam dez vezes mais do que o normal depois de dar à luz para ajudar o filhote a reconhecer a "mãe".
A descoberta de pesquisadores americanos foi publicada na revista acadêmica Marine Mammal Science.
Esses "assobios-assinatura" são únicos para cada animal, por isso permitem que sejam usados como identificação.
Os golfinhos-nariz-de-garrafa são altamente sociáveis. Nas suas primeiras semanas, os filhotes encontram muitos animais adultos que poderiam confundir com a mãe.
"A explicação mais óbvia para o aumento na produção do assobio-assinatura pela mãe é a necessidade de ela estar em contato com seu filhote", disse a zoóloga Deborah Fripp, do zoológico de Dallas.
Ela diz, no entanto, que o fato de a freqüência do assobio cair depois de três semanas não confirma essa teoria, já que os filhotes tendem a passear para ainda mais longe da mãe à medida que crescem.
Por isso, na opinião de Fripp, o objetivo do assobio logo depois do parto é iniciar um processo rápido de aprendizado chamado de imprinting, que acontece muito cedo na vida dos animais sociais e estabelece um padrão de comportamento e, nesse caso, permite que os golfinhos reconheçam suas mães.

'Roubo'
Em algumas espécies de aves, esse processo de aprendizado acontece nas primeiras horas de vida do filhote. Em alguns mamíferos, acontece nas primeiras semanas.
O processo também ajuda a evitar que as fêmeas roubem os recém-nascidos de suas mães, incidente registrado entre os golpinhos-nariz-de-garrafa.
Fripp investigou o uso do assobio maternal em quatro golfinhos em cativeiro no zoológico Kolmardens Djurpark, em Kolmarden, na Suécia - Nephele, Vicky, Delphi e Lotty.
Cada uma delas tinha o seu próprio filhote.
Assim que Lotus, filho de Lotty, nasceu, Vicky o roubou e o levou para a superfície. Lotus ficou com Vicky até o sexto dia quando foi retirado da piscina para um dia de tratamento médico. Na volta, ele foi recuperado pela mãe Lotty.
"Esses incidentes geralmente acontecem no primeiro dia de vida do animal. Depois, esse tipo de roubo é mais raro porque, então, o processo de aprendizado já teve início", diz Fripp.
Infelizmente, três golfinhos morreram dentro de duas semanas de vida. Apenas Lotus sobreviveu.
"A taxa de mortalidade foi alta, mas não é representativa", disse Fripp.
"Infelizmente, com apenas um golfinho sobrevivendo até a terceira semana, e esse sendo um golfinho que teve uma primeira semana atípica, a evidência para mostrar como ocorre o retorno aos níveis normais de produção do assobio-assinatura não é forte. Será necessário realizar novas pesquisas", concluiu Fripp.

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